-Você
vai me fazer um favor. Fale de mim para seus amigos.
-
E quem é você?
-
Eu sou Batman.
O ano era 1989. Os
jornais anunciavam que finalmente “O filme da década” chegava aos cinemas.
Batman – O Filme foi um fenômeno que mudou a maneira da indústria
cinematográfica ver os quadrinhos. Não foi apenas um filme, foi o filme. Um
assombro de bilheteria que trouxe de volta a chamada Batmania. Com um marketing
violento, dificilmente existiu alguma criatura na terra que não foi alcançada
pela sombra do morcego. Hoje, os mais jovens, podem até não compreender o valor
deste filme; nasceram em uma época em que os heróis já estavam consolidados no
cinema e na tv. Mas os jornais não estavam errados. Foi o filme da década.
Dirigido por Tim
Burton, Batman - O Filme trouxe cenas memoráveis, uma trilha sonora
inesquecível a cargo de Danny Elfman (tanto que o tema foi incorporado em
Batman The Animated Series) e uma cenografia impressionante com uma Gotham City
gótica e sufocante. Não por acaso, conquistou um Oscar por Melhor Direção de
Arte. Digno de nota, a trilha desenvolvida pelo cantor Prince, naquela ocasião,
casou muito bem com o projeto. A canção Batdance tocou muito nas rádios e
discotecas da saudosa década de 1980.
O elenco e o roteiro são pontos que não
agradaram a todos: enquanto o Coringa de Jack Nicholson foi um primor, o Batman
de Michael Keaton deixa a desejar no quesito herói; Batman deveria ser uma
figura forte e imponente, a exemplo do que se via nos quadrinhos. Porém, Keaton
surpreendeu com um Bruce Wayne perturbado e obcecado; o medo da maioria dos fãs
era que o resultado fosse um pastelão, afinal o ator vinha de grandes comédias.
O traje, embora apresentasse limitações, ajudou a passar uma imagem imponente e
sombria. Por muitas vezes a fotografia mantinha os olhos do herói ocultado pela
escuridão.
Kim Basinger passeia com sua beleza pela tela e só; os coadjuvantes
como Gordon e Harvey Dent são mal desenvolvidos, porém o Alfred de Michael Gough
foi maravilhoso. Já o roteiro tem seus altos e baixos; apresenta sequências
fantásticas e peca no quesito ação. Trabalha o Batman como um coadjuvante, com
poucas falas e espaço. Sobra espaço para o Coringa roubar o filme.
A greve dos
roteiristas também afetou o roteiro; no fim das contas, muita gente opinou e
palpitou. Numa dessas, o Coringa viria a se tornar o assassino dos Waynes. Mas
o filme funcionou. Conquistou público, fez as pessoas irem ao cinema mais de
uma vez para assisti-lo e garantiu uma primorosa continuação em 1992.
Batman – O Filme
completa 30 anos de seu lançamento. A recente versão lançada em 4K revelou
detalhes que antes passaram despercebidos no velho VHS. E o recente lançamento
nos cinemas da rede Cinemark fez velhos fãs voltarem no tempo. O filme, junto
com o icônico Superman de 1978, possue lugar na história do cinema. Ambos foram
grande marcos da indústria e permitiram uma avalanche de possibilidades para o
cinema e os quadrinhos. E acredite, muita gente bebeu nessa fonte. Parabéns
Batman!
Texto: Paulo Chacon
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